Feliz(?) Dia das Mulheres

Ok, vai parecer que sou uma revoltadinha besta ou uma "copycat" já que tanta gente escreveu sobre isso, mas a verdade é que eu queria escrever isso antes, mas não o fiz. Primeiro, porque não tive tempo. Segundo, porque não tive tempo de pensar nos argumentos. Terceiro, pareceria desrespeitoso com meus amigos que desejaram-me um "Feliz Dia das Mulheres".

Mas o que nós, mulheres, temos de melhor que os homens para ter um dia só nosso? Há motivos verdadeiros para se comemorar?

Por muito tempo fomos marginalizadas pela simples singularidade de um dos 46 pares de cromossomos ter uma perninha a mais que os homens. Somos XX, eles XY. Por muito tempo, buscaram explanações para dizer que a mulher é inferior ao homem e usaram de religião, ciência e filosofia para isso. Dos 4 mil anos que o ser humano anda na terra, apenas 40 a mulher é livre.

Mas é realmente livre?

O que eu ainda tento entender é o que se passou na cabeça do primeiro homem que fez sua mulher ficar em casa. Ou que o fez pensar que as tarefas caseiras eram inferiores às caçadas. Tento entender de onde surgiu isso, de o homem ser mais forte, mais inteligente e fodástico que a mulher. O que nos fez acreditar durante 3960 anos que, de fato, eles o são.

Mas será que acreditávamos nisso mesmo?

Dizem que cada ser tem seu papel a desempenhar no mundo.

Mas não acredito nisso.

Seria a sede de poder que fez o homem primitivo subjulgar a mulher?

Disseram-me uma vez que até o movimento feminista foi iniciativa de um homem e que isso se deu porque a mulher tem pouca iniciativa.

Bem, o proletariado também demorou muitos anos para se rebelar.

Tô confusa, né? Não tô conseguindo me esclarecer, mostrar meu ponto de vista...

O Petri me disse que eu não sou feminista de conveniência, que se a coisa tá errada, eu corro pra fazer certo, ao invés de ficar apontando o dedo e me fazer de vítima. Talvez seja por isso que eu esteja me manifestando de maneira tão confusa...

Não quero parecer pedante, ou com o movimento "Cansei!". Mas é difícil ignorar o fato de que fomos e somos, sim, exploradas e abusadas. Todos os dias. Mas o fato é que não é apenas nós. E talvez seja hora de levantarmos uma bandeira única.

E já que tanta mulher lutou tanto para eu ter os mesmos direitos que um homem, vou correr pra manter!

E decidi. Eu não sou mulher. Eu sou ser humano. E como ser humano tenho direito de ir e vir. De trabalhar pelo meu futuro e receber igualitariamente a outro ser humano. E não menos apenas por ter vagina ao invés de pênis. De que o fato de eu amar, desejar e ter dois homens não é diferente de um homem amar, desejar e ter duas mulheres.

Eu sou ser humano. O fato de ser do gênero feminino não me condena a ser objeto. Não me impede de falar palavrão. Não me impede de beber. Não me obriga a ser uma romântica sonhadora. Não me obriga a ter o amor de minha vida. Não me obriga a ter filhos. Não me obriga a cozinhar. Não me obriga a depilar minhas axilas, pernas e virilha. Não me obriga a usar saias.

Eu sou um ser humano. E, como tal, sou livre para atender aos meu desígnios. Sejam eles socialmente de homens ou de mulheres.

Eu sou um ser humano livre. E vou viver minha vida como tal, lutando para manter minha liberdade e para ajudar a conquistar a liberdade do meu próximo.